Alguns dos nossos leitores têm-nos posto a questão: a sociologia estuda a sociedade ou o indivíduo?
Podemos afirmar que a sociologia foi particularmente marcada, desde os seus primeiros momentos, pela oposição entre o colectivo e o individual, ou seja, entre a sociedade e o indivíduo. De um modo muito sucinto, vamos tentar refazer alguns dos seus passos fundamentais, para um melhor entendimento, por parte, de quem não conhece a disciplina.
Desde as suas origens – Auguste Comte – a sociologia foi e é uma disciplina que se constituiu e consolidou à luz das transformações que ocorreram num espaço e num tempo limitados pela história da humanidade, ou seja, a sociologia surge com os anti-herdeiros da Revolução Francesa na qual, os iluministas, queriam que prevalecesse a racionalidade, ou seja, ao que é e ao que deve ser.
Émile Durkheim apresenta a ciência dos factos sociais, onde estes são apresentados como coisas, pois são maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade de existir fora das consciências individuais. A perspectiva durkheimiana, diz, ainda, que viver em sociedade é o mesmo que existir sob a dominação da lógica da sociedade e que frequentemente, os indivíduos agem segundo essa lógica sem o perceber.
Max Weber, no entanto, concebe o objecto da sociologia como, fundamentalmente, a captação da relação de sentido da acção humana. Por outras palavras, conhecer um fenómeno social seria extrair o conteúdo simbólico da acção ou acções que o configuram. Por acção, Weber entende "aquela cujo sentido pensado pelo sujeito jeito ou sujeitos jeitos é referido ao comportamento dos outros; orientando-se por ele o seu comportamento".
O funcionalismo (de Talcott Parsons e Robert K. Merton) ao fazer a análise dos elementos de um sistema social, procura inteirar-se de que modo, os elementos, se relacionam uns com os outros assim como se relaciona o sistema como um todo, ou seja, como são ou não funcionais. Para Parsons, a maior preocupação, são os requisitos funcionais dos sistemas sociais como garante da sua sobrevivência. Já em Merton a função é a consequência efectiva da acção dos elementos.
Raymond Boudon por sua vez, no seu individualismo metodológico e efeitos não esperados da acção, um indivíduo supostamente adopta, em qualquer situação, um comportamento conforme os seus interesses. Isto é, o autor considera que a sociologia individualista não deixa de partilhar com a economia o postulado da racionalidade dos actores, ou seja, o indivíduo por norma procede a cálculos de “custo/beneficio” no que respeita às suas acções. Tenta, ainda, demonstrar que um efeito agregado que seja diferente das intenções de quem o protagoniza e não sendo por ele previsto, deve ser considerado efeito perverso ou efeito não esperado da acção.
Já segundo Norberto Elias, parece claro que a sociedade é formada por indivíduos e que estes são constituintes da sociedade, não sendo possível considera-los separadamente, ou seja, não há sociedade sem indivíduos e analogamente, não há indivíduos sem sociedade, portanto seria um “absurdo” tomar os termos de outro modo que não seja o da cumplicidade. Ou seja, A sociedade produz o indivíduo e o indivíduo molda-se em contínua interacção com outros indivíduos o que influencia a própria dinâmica da sociedade. Isto é, a relação identidade-eu / identidade-nós, não comporta uma posição que exclui, mas, dá-se em termos de mudança no estabelecer de um equilíbrio tenso, (nós-eu), diferenciado conforme a disposição dos termos em cada sociedade e em cada período histórico.
Podemos afirmar que a sociologia foi particularmente marcada, desde os seus primeiros momentos, pela oposição entre o colectivo e o individual, ou seja, entre a sociedade e o indivíduo. De um modo muito sucinto, vamos tentar refazer alguns dos seus passos fundamentais, para um melhor entendimento, por parte, de quem não conhece a disciplina.
Desde as suas origens – Auguste Comte – a sociologia foi e é uma disciplina que se constituiu e consolidou à luz das transformações que ocorreram num espaço e num tempo limitados pela história da humanidade, ou seja, a sociologia surge com os anti-herdeiros da Revolução Francesa na qual, os iluministas, queriam que prevalecesse a racionalidade, ou seja, ao que é e ao que deve ser.
Émile Durkheim apresenta a ciência dos factos sociais, onde estes são apresentados como coisas, pois são maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade de existir fora das consciências individuais. A perspectiva durkheimiana, diz, ainda, que viver em sociedade é o mesmo que existir sob a dominação da lógica da sociedade e que frequentemente, os indivíduos agem segundo essa lógica sem o perceber.
Max Weber, no entanto, concebe o objecto da sociologia como, fundamentalmente, a captação da relação de sentido da acção humana. Por outras palavras, conhecer um fenómeno social seria extrair o conteúdo simbólico da acção ou acções que o configuram. Por acção, Weber entende "aquela cujo sentido pensado pelo sujeito jeito ou sujeitos jeitos é referido ao comportamento dos outros; orientando-se por ele o seu comportamento".
O funcionalismo (de Talcott Parsons e Robert K. Merton) ao fazer a análise dos elementos de um sistema social, procura inteirar-se de que modo, os elementos, se relacionam uns com os outros assim como se relaciona o sistema como um todo, ou seja, como são ou não funcionais. Para Parsons, a maior preocupação, são os requisitos funcionais dos sistemas sociais como garante da sua sobrevivência. Já em Merton a função é a consequência efectiva da acção dos elementos.
Raymond Boudon por sua vez, no seu individualismo metodológico e efeitos não esperados da acção, um indivíduo supostamente adopta, em qualquer situação, um comportamento conforme os seus interesses. Isto é, o autor considera que a sociologia individualista não deixa de partilhar com a economia o postulado da racionalidade dos actores, ou seja, o indivíduo por norma procede a cálculos de “custo/beneficio” no que respeita às suas acções. Tenta, ainda, demonstrar que um efeito agregado que seja diferente das intenções de quem o protagoniza e não sendo por ele previsto, deve ser considerado efeito perverso ou efeito não esperado da acção.
Já segundo Norberto Elias, parece claro que a sociedade é formada por indivíduos e que estes são constituintes da sociedade, não sendo possível considera-los separadamente, ou seja, não há sociedade sem indivíduos e analogamente, não há indivíduos sem sociedade, portanto seria um “absurdo” tomar os termos de outro modo que não seja o da cumplicidade. Ou seja, A sociedade produz o indivíduo e o indivíduo molda-se em contínua interacção com outros indivíduos o que influencia a própria dinâmica da sociedade. Isto é, a relação identidade-eu / identidade-nós, não comporta uma posição que exclui, mas, dá-se em termos de mudança no estabelecer de um equilíbrio tenso, (nós-eu), diferenciado conforme a disposição dos termos em cada sociedade e em cada período histórico.
Sem comentários:
Enviar um comentário