segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Cristiano Ronaldo: “Alto-Representante” do triste futebol português

Hoje, Portugal vive “em estado de suspensão”, futebolisticamente falando, quanto há mais que provável (teoricamente) eleição de Cristiano Ronaldo como, FIFA World Player: 2008 (pelas 20h, já saberemos o veredicto final, dos ilustres da FIFA).
Nestes últimos dez anos, Portugal tem sido pródigo e andado nas “bocas” do mundo pelas sucessivas nomeações internacionais de alguns dos seus mais ilustres nativos.
Da nomeação de José Saramago como Nobel da Literatura (1998), a Jorge Sampaio como Enviado Especial para a Luta contra a Tuberculose (2006) e Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações (2007), passando por Luís Figo, FIFA World Player: 2001, Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia (2004) e António Guterres, Alto-comissário da ONU para os Refugiados (2005), de tudo um pouco tem acontecido neste cantinho da Europa.
Mas voltemos ao futebol. Cristiano Ronaldo corre o risco, ao ser nomeado “FIFA World Player: 2008”, de ser, ainda mais do que já é, o mais “Alto-Representante” de um futebol que não o “merece”. Ou seja, o mais “Alto-Representante” de um futebol, amador e viciado, onde os principais agentes tendem, a continuar irresponsavelmente, a assobiar para o lado, perante a regressão do futebol lusitano.
A cada ano, para não dizer a cada semana, o futebol português, continua a sua lógica de “suicídio-altruista”, isto é, amarrado a uma “ideologia” muito própria, pretende um regresso a passados “gloriosos” e o fim de tempos negros de ocupação intelectual. Alguns gestores de “gestão ao estilo wrestling entertainment” olham para a gestão sustentável dos seus clubes, como um subproduto, não se mostrando muito preocupados com o dinheiro que é desperdiçado todas as épocas, devido à sua má gestão, das emoções ligadas ao poder.
Pior que o impacto dessa metodologia de gestão é a forma como, esses gestores, distorcem os padrões de relações no espaço em questão, optando por queixumes, ameaças implícitas e comunicação agressiva, alicerçados na esperança de que, tal como diria Goebbells, repetindo a mentira até à exaustão, esta se transforme numa verdade... por exaustão.
Veja-se o exemplo dos árbitros (quais “meninos maus”), semana após semana, apontados como os únicos responsáveis dos maus resultados, devido a erros pontuais e, que na sua maioria, só detectáveis em imagens televisivas.
Veja-se o exemplo, do “Apito Dourado”, onde após todos estes anos, a tese da legalidade ou da ilegalidade, das escutas telefónicas, se sobrepõe à tese da corrupção e da efectiva culpabilização dos corruptos e corruptores.
Veja-se o exemplo dos “Sumaríssimos” onde alguma “intelegentsia” apaixonada confessa de lugares e detentoras de curriculum, usa as imagens televisivas para pedir cabeças, quando que convém, e as recusa liminarmente quando em caso oposto.
Veja-se o exemplo, das “pseudo-vedetas” futebolísticas, principescamente pagas a peso de ouro e dos seus representantes legais, que passam o tempo a queixarem-se dos treinadores e/ou dos contratos assinados em livre arbítrio e às quais tudo é perdoado em nome do “equilíbrio psicológico” para o exercício da actividade.
Veja-se que no futebol português, desde há muito que não existe espaço, tanto para o crescimento natural, como para a detecção e evitamento de erros, os quais são sistematicamente adiados em prol de uma gestão “instantaneista” dos resultados futebolísticos.
E, veja-se, sobretudo, que enquanto noutras latitudes futebolísticas, onde gerir é saber lidar com situações de insucesso e valorizar os, mesmo que pequenos, progressos, é importante para o sucesso e compreensão do impacto futebolístico, os estádios estão permanentemente lotados, enquanto em Portugal, os estádios estão permanentemente… vazios.
Mas, apesar de tudo, esperamos às 20h de hoje, aqui colocar o post: Cristiano Ronaldo “FIFA World Player 2008”.

Sem comentários: