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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

AS MAZELAS (de Rosa Lobato Faria)

Aos 77 anos, como é natural, aparecem-nos todas as mazelas. Insignificâncias, uma dor aqui, uma dor ali, nas costas, na perna, na cabeça, uma pequena coisa na pele, na unha, no olho. Não ligo nenhuma. Porque a minha pior mazela é não acreditar que tenho 77 anos.
Eu bem me farto de dizer aos quatro ventos a minha idade para ver se interiorizo esse facto, mas, por dentro, estou na casa dos trinta, vá lá quarenta, e não passo daí.
Setenta e sete anos? Que louura!
Tenho sempre tanta coisa para fazer, para acabar, para ler, para escrever, tanto lugar para visitar. Tanto Museu para ver e depois as mazelas – aí!-, mas vou, porque tenho trinta anos e, evidentemente, tenho que ir.
Não tenho a noção de ser uma senhora velha. Digo, «estava lá uma velhota», ou «imaginem que uma velha»... Estou a falar de pessoas provavelmente mais novas do que eu, mas não me enxergo. Até quando irá durar esta idade subjectiva que não me deixa envelhecer tranquilamente.
Só quando me oferecem o braço (já caí na rua e parti a perna, mas nem assim...), quando não me dirigem galanteios (que estranho!), acordo para a realidade, aí, é verdade, tenho 77 anos, que maçada...
Ultimamente, tive (ou tenho, ainda não percebi) cancro de mama. Como acho que Deus não me ia mandar esta doença só para me chatear, abri uma campanha de sensibilização (televisão incluída), para que as mulheres façam mamografias. Transformei a porcaria da doença numa coisa positiva.
Passei os trâmites habituais operação, radioterapia, etc., tudo pacífico.
Ainda por cima, o médico disse-me que era pouco provável que o cancro me matasse, porque, na minha idade, as células já não são o que eram...
Aí, sim?
Tenho 77 anos, que alegria!

Publicado em WOMEN'S PRATICE (Um dos últimos textos assinados por Rosa Lobato Faria, pouco tempo antes da sua morte)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

sábado, 18 de outubro de 2008

Erradicação da Pobreza: O contexto portugues

Segundo um estudo do INE, divulgado no passado dia 16 de Outubro, com dados referentes ao ano de 2005, cerca de 19% da população portuguesa, aproximadamente dois milhões, vive com menos de 366 euros por mês, ou seja, no limiar da pobreza.
O estudo aponta, ainda, que cerca de 32% da população activa entre os 16 e os 34 anos viveria na pobreza se dependesse apenas do seu trabalho, isto é, sem as transferências sociais do Estado, cerca de quatro milhões de portugueses seriam pobres.
Os dois milhões que vivem no limiar da pobreza, são maioritariamente idosos sozinhos e famílias cujo agregado familiar é composto por cinco ou mais elementos. No lado oposto, encontram-se as famílias sem filhos ou com somente um filho.
Apesar deste panorama, Portugal é o país da União Europeia que mais reduziu a pobreza nos últimos anos, continuando contudo acima da média europeia.

Para os mais interessados deixamos aqui e aqui, alguns dos últimos estudos realizados no nosso país sobre as características e a evolução da pobreza em Portugal.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

HIV/SIDA: Idosos

Na época do HIV/SIDA, do aparecimento de fármacos, como por exemplo o Viagra e, ainda, da alarmante despreocupação e da não consciencialização sobre os riscos de contrair a doença, mensagens de sexo seguro também se deveriam aplicar aos mais idosos.
Confrontamo-nos diariamente com campanhas e spot’s publicitários, que promovem os mais variados produtos para os casos de impotência sexual ou disfunção eréctil, mas o mesmo não acontece no que se refere aos riscos de doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV/SIDA, mantendo-se o idoso pouco informado e sensibilizado quanto aos comportamentos de risco.
Os centros para controlo de doenças e prevenção dos mais variados países, referem que entre os doentes com HIV/SIDA, a percentagem de doentes com mais de 50 anos, aumentou continuamente a partir dos anos noventa e início do novo século. Portugal não é excepção, 12,4% dos casos totais, são homens e mulheres desse grupo etário.
Variados factores contribuem para os números apurados, entre outros, a falta de objectividade que induzem a diagnósticos errados e a existência de pré-noções, no que diz respeito aos idosos, quer por parte da classe médica, quer por parte dos familiares.
O idoso chega aos serviços de saúde geralmente numa situação de SIDA declarada, porque a infecção não é precocemente detectada, como acontece no caso de outros grupos de risco.
E porquê? Porque outras doenças a mascaram. Perante um idoso com falhas de concentração e memória quem pensará em HIV/Sida? Não são estes sintomas, na maioria, parte integrante do processo de envelhecimento ou um sinal precoce da doença de Alzheimer?
Outro factor é a existência do tabu de se falar sobre sexualidade com os idosos. Quem os questiona sobre os seus comportamentos sexuais? Infelizmente, muitos de nós adultos, não conseguem imaginar um pai, uma mãe, um avô ou uma avó, como sexualmente activos, no entanto, estudos recentes verificaram que mais de metade dos homens e mulheres com mais de 50 anos de idade, mantêm relações sexuais regulares. Estas são muitas vezes proporcionadas por encontros sexuais anónimos ou recurso à prostituição. É precisamente aqui que reside o perigo, pois comprovadamente, os casos de infecção nesta faixa etária (heterossexual) são quase sempre por contaminação sexual.
Os mais recentes dados sobre a pandemia do HIV/SIDA nos países desenvolvidos, alerta para o facto de ser o idoso o único grupo etário onde se verifica uma tendência crescente da infecção, pelo que se torna cada vez mais importante a discussão do problema da SIDA na terceira idade.