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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Violência doméstica (1)

Os números já são oficiais, e dizem que o ano de 2008 foi negro, no que respeita à violência doméstica contra mulheres, em Portugal.
Foram assassinadas por actuais ou antigos companheiros e maridos, 45 mulheres. Mais do dobro dos casos de 2007, em que se tinham registado 21 homicídios.
A média de 2008, em termos de homicídio conjugal, permite infelizmente concluir que, a cada semana em Portugal, uma mulher é assassinada pelo marido ou companheiro.

sábado, 18 de outubro de 2008

Erradicação da Pobreza: O contexto portugues

Segundo um estudo do INE, divulgado no passado dia 16 de Outubro, com dados referentes ao ano de 2005, cerca de 19% da população portuguesa, aproximadamente dois milhões, vive com menos de 366 euros por mês, ou seja, no limiar da pobreza.
O estudo aponta, ainda, que cerca de 32% da população activa entre os 16 e os 34 anos viveria na pobreza se dependesse apenas do seu trabalho, isto é, sem as transferências sociais do Estado, cerca de quatro milhões de portugueses seriam pobres.
Os dois milhões que vivem no limiar da pobreza, são maioritariamente idosos sozinhos e famílias cujo agregado familiar é composto por cinco ou mais elementos. No lado oposto, encontram-se as famílias sem filhos ou com somente um filho.
Apesar deste panorama, Portugal é o país da União Europeia que mais reduziu a pobreza nos últimos anos, continuando contudo acima da média europeia.

Para os mais interessados deixamos aqui e aqui, alguns dos últimos estudos realizados no nosso país sobre as características e a evolução da pobreza em Portugal.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

HIV/SIDA: Idosos

Na época do HIV/SIDA, do aparecimento de fármacos, como por exemplo o Viagra e, ainda, da alarmante despreocupação e da não consciencialização sobre os riscos de contrair a doença, mensagens de sexo seguro também se deveriam aplicar aos mais idosos.
Confrontamo-nos diariamente com campanhas e spot’s publicitários, que promovem os mais variados produtos para os casos de impotência sexual ou disfunção eréctil, mas o mesmo não acontece no que se refere aos riscos de doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV/SIDA, mantendo-se o idoso pouco informado e sensibilizado quanto aos comportamentos de risco.
Os centros para controlo de doenças e prevenção dos mais variados países, referem que entre os doentes com HIV/SIDA, a percentagem de doentes com mais de 50 anos, aumentou continuamente a partir dos anos noventa e início do novo século. Portugal não é excepção, 12,4% dos casos totais, são homens e mulheres desse grupo etário.
Variados factores contribuem para os números apurados, entre outros, a falta de objectividade que induzem a diagnósticos errados e a existência de pré-noções, no que diz respeito aos idosos, quer por parte da classe médica, quer por parte dos familiares.
O idoso chega aos serviços de saúde geralmente numa situação de SIDA declarada, porque a infecção não é precocemente detectada, como acontece no caso de outros grupos de risco.
E porquê? Porque outras doenças a mascaram. Perante um idoso com falhas de concentração e memória quem pensará em HIV/Sida? Não são estes sintomas, na maioria, parte integrante do processo de envelhecimento ou um sinal precoce da doença de Alzheimer?
Outro factor é a existência do tabu de se falar sobre sexualidade com os idosos. Quem os questiona sobre os seus comportamentos sexuais? Infelizmente, muitos de nós adultos, não conseguem imaginar um pai, uma mãe, um avô ou uma avó, como sexualmente activos, no entanto, estudos recentes verificaram que mais de metade dos homens e mulheres com mais de 50 anos de idade, mantêm relações sexuais regulares. Estas são muitas vezes proporcionadas por encontros sexuais anónimos ou recurso à prostituição. É precisamente aqui que reside o perigo, pois comprovadamente, os casos de infecção nesta faixa etária (heterossexual) são quase sempre por contaminação sexual.
Os mais recentes dados sobre a pandemia do HIV/SIDA nos países desenvolvidos, alerta para o facto de ser o idoso o único grupo etário onde se verifica uma tendência crescente da infecção, pelo que se torna cada vez mais importante a discussão do problema da SIDA na terceira idade.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Nada de novo... Portugal fez tudo errado mas, correu tudo bem

"Portugal fez tudo errado mas, correu tudo bem". Esta é a conclusão de um relatório internacional recente sobre o desenvolvimento português. Havia até agora no mundo países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Mas acabou de ser criada uma nova categoria: os países que não deveriam ser desenvolvidos. Trata-se de regiões que fizeram tudo o que podiam para estragar o seu processo de desenvolvimento e... falharam. Hoje são países industrializados e modernos, mas por engano. Segundo a fundação europeia que criou esta nova classificação, no estudo a que o DN teve acesso, este grupo de países especiais é muito pequeno. Alias, tem mesmo um só elemento: Portugal.
A Fundação Richard Zwentzerg (FRZ), iniciou há uns meses um grande trabalho sobre a estratégia económica de longo prazo. Tomando a evolução global da segunda metade do século XX, os cientistas da FRZ procuraram isolar as razões que motivavam os grandes falhanços no progresso. O estudo, naturalmente, pensava centrar-se nos países em decadência. Mas, para grande surpresa dos investigadores, os mais altos índices de aselhice económica foram detectados em Portugal, um dos países que tinha também uma das mais elevadas dinâmicas de progresso. Desconcertados, acabam de publicar, à margem da cimeira de Lisboa, os seus resultados num pequeno relatório bem eloquente, intitulado: "O País Que Não Devia Ser Desenvolvido", O Sucesso Inesperado dos Incríveis Erros Económicos Portugueses.
Num primeiro capítulo, o relatório documenta o notável comportamento da economia portuguesa no último meio século. De 1950 a 2000, o nosso produto aumentou quase nove vezes, com uma taxa de crescimento anual sustentada de 4,5 por cento durante os longos 50 anos. Esse crescimento aproximou-nos decisivamente do nível dos países ricos. Em 1950, o produto de Portugal tinha uma posição a cerca de 35 por cento do valor médio das regiões desenvolvidas. Hoje ultrapassa o dobro desse nível, estando acima dos 70 por cento, apesar do forte crescimento que essas economias também registaram no período. Na generalidade dos outros indicadores de bem-estar, a evolução portuguesa foi também notável. Temos mais médicos por habitante que muitos países ricos. A mortalidade infantil caiu de quase 90 por mil, em 1960, para menos de sete por mil agora. A taxa de analfabetismo reduziu-se de 40 por cento em 1950 para dez por cento. Actualmente a esperança de vida ao nascer dos portugueses aumentou 18 anos no mesmo período. O relatório refere que esta evolução é uma das mais impressionantes, sustentadas e sólidas do século XX. Ela só foi ultrapassada por um punhado de países que, para mais, estão agora alguns deles em graves dificuldades no Extremo Oriente. Portugal, pelo contrário, é membro activo e empenhado da União Europeia, com grande estabilidade democrática e solidez institucional. Segundo a FRZ, o nosso país tem um dos processos de desenvolvimento mais bem sucedidos no mundo actual. Mas, quando se olha para a estratégia económica portuguesa, tudo parece ser ao contrário do que deveria ser. Segundo a Fundação, Portugal, com as políticas e orientações que seguiu nas últimas décadas, deveria agora estar na miséria. O nosso país não pode ser desenvolvido. Quais são os factores que, segundo os especialistas, criam um desenvolvimento equilibrado e saudável? Um dos mais importantes é, sem dúvida, a educação. Ora Portugal tem, segundo o relatório, um sistema educativo horrível e que tem piorado com o tempo. O nível de formação dos portugueses é ridículo quando comparado com qualquer outro país sério. As crianças portuguesas revelam níveis de conhecimentos semelhantes às de países miseráveis. Há falta gritante de quadros qualificados. É evidente que, com educação como esta, Portugal não pode ter tido o desenvolvimento que teve. Um outro elemento muito referido nas análises é a liberdade económica e a estabilidade institucional. Portugal tem, tradicionalmente, um dos sectores públicos mais paternalista, interventor e instável do mundo, segundo a FRZ. Desde o "condicionamento industrial" salazarista às negociações com grupos económicos actuais, as empresas portuguesas vivem num clima de intensa discricionariedade, manipulação, burocracia e clientelismo. O sistema fiscal português é injusto, paralisante e está em crescimento explosivo. A regulamentação económica é arbitrária, omnipresente e bloqueante. É óbvio que, com autoridades económicas deste calibre, diz o relatório, o crescimento português tinha de estar irremediavelmente condenado desde o início. O estudo da Fundação continua o rol de aselhices, deficiências e incapacidades da nossa economia. Da falta de sentido de mercado dos empresários e gestores à reduzida integração externa das empresas; da paralisia do sistema judicial à inoperância financeira; do sistema arcaico de distribuição à ausência de investigação em tecnologias. Em todos estes casos, e em muitos outros, a conclusão óbvia é sempre a mesma: Portugal não pode ser um país em forte desenvolvimento. Os cientistas da Fundação não escondem a sua perplexidade. Citando as próprias palavras do texto: "Como conseguiu Portugal, no meio de tanta asneira, tolice e desperdício, um tal nível de desenvolvimento?" A resposta, simples, é que ninguém sabe. Há anos que os intelectuais portugueses têm dito que o País está a ir por mau caminho. E estão carregados de razão. Só que, todos os anos, o País cresce mais um bocadinho. A única explicação adiantada pelo texto, mas que não é satisfatória, é a incrível capacidade de improvisação, engenho e "desenrascanço" do povo português. No meio de condições que, para qualquer outra sociedade, criariam o desastre, os portugueses conseguem desembrulhar-se de forma incrível e inexplicável. O texto termina dizendo: "O que este povo não faria se tivesse uma estratégia certa?".


By João César Neves (Economista)