sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz 2012

Que o amor, a paz e a felicidade façam parte
da vidas de todos neste novo ano que
está se iniciando.
BOAS FESTAS!!!!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal

domingo, 18 de dezembro de 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Evolução?

Capitalismo

sábado, 27 de agosto de 2011

Sexo com os Neandertais foi bom para nós, sistema imunitário do homem moderno ficou mais forte.

Depois de terminada a longa controvérsia sobre se havia dentro de nós um pouco de Neandertal — sim, há, concluiu-se em Maio do ano passado —, a discussão passou para outro nível. Que influências deixaram ao certo nos nossos genes os Neandertais, que se extinguiram há 28 mil anos, na Península Ibérica? O que se está a concluir, segundo um estudo na revista Science, é que ficámos com um sistema imunitário mais forte. Portanto pode dizer-se que o sexo com eles foi bom para nós, em geral.A discussão tornou-se mais complexa quando, em Dezembro, se revelou um grupo de humanos até aí desconhecido — os denisovanos —, que viveram entre há 30 a 50 mil anos na Sibéria e Sudeste asiático e que também se reproduziram com a nossa espécie, os humanos modernos. Além dos Neandertais, que terão deixado um contributo de até quatro por cento no nosso genoma, herdámos ADN dos denisovanos, que chega aos seis por cento nalgumas populações actuais.
Agora, a equipa de Peter Parham, da Universidade de Stanford, nos EUA, quis determinar as heranças desses tempos coloridos entre nós, os Neandertais e os denisovanos, centrando as atenções num grupo de genes importante na defesa contra a invasão de vírus e outros agentes patogénicos. São os genes do sistema HLA.
Os três grupos de humanos partilharam um antepassado em África, mas as suas linhagens divergiram há 400 mil anos.
Os Neandertais surgiram há 300 mil anos, na Europa e no Médio Oriente. Os denisovanos espalharam-se pelo Sudeste asiático, ainda que só se tenha encontrado uma falange e um dente deles, na gruta Denisova, na Sibéria. E os humanos modernos saíram de África há 60 mil anos, avançaram pela Eurásia e foram-se encontrando com Neandertais e denisovanos.
Fizeram a guerra, sem dúvida. Mas, reforçando as conclusões de outros cientistas, a equipa de Parham encontrou em genes do sistema HLA provas de que também fizeram amor.
Por exemplo, há uma variante genética rara nas populações africanas actuais, mas que é frequente em quem é do Sudoeste asiático e que, muito provavelmente, terá sido herdada dos denisovanos. Outra está ausente nos africanos de hoje, mas é comum no Sudeste asiático, na Oceânia e Papuásia-Nova Guiné. Também algumas variantes do ADN extraído dos Neandertais são comuns entre europeus e asiáticos, mas raras nos africanos.
“Variantes dos genes HLA nos Neandertais e denisovanos tinham-se adaptado à vida na Europa e Ásia, enquanto os migrantes africanos recentes [os humanos modernos] não as tinham. Obtê-las pelo acasalamento teria sido vantajoso”, realçou Parham à BBC.
Mas alguns de nós, sugere a equipa, pagaram o preço das doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide, em que o sistema imunitário se vira contra o próprio organismo, atacando-o.
Se essas variantes nos deram vantagens, não evitaram a extinção aos Neandertais e denisovanos, o que Parham compara com a conquista do continente americano pelos europeus: “No início, havia pequenos grupos, que passaram tempos difíceis e se tornaram amigos dos nativos. Assim que se estabeleceram, apoderavam-se dos seus recursos e eliminavam-nos. A experiência moderna reflecte o passado e vice-versa.”

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Crueldade e Sofrimento

A crueldade é constitutiva do universo, é o preço a pagar pela grande solidariedade da biosfera, é ineliminável da vida humana. Nascemos na crueldade do mundo e da vida, a que acrescentámos a crueldade do ser humano e a crueldade da sociedade humana. Os recém-nascidos nascem com gritos de dor. Os animais dotados de sistemas nervosos sofrem, talvez os vegetais também, mas foram os humanos que adquiriram as maiores aptidões para o sofrimento ao adquirirem as maiores aptidões para a fruição. A crueldade do mundo é sentida mais vivamente e mais violentamente pelas criaturas de carne, alma e espírito, que podem sofrer ao mesmo tempo com o sofrimento carnal, com o sofrimento da alma e com o sofrimento do espírito, e que, pelo espírito, podem conceber a crueldade do mundo e horrorizar-se com ela.
A crueldade entre homens, indivíduos, grupos, etnias, religiões, raças é aterradora. O ser humano contém em si um ruído de monstros que liberta em todas as ocasiões favoráveis. O ódio desencadeia-se por um pequeno nada, por um esquecimento, pela sorte de outrem, por um favor que se julga perdido. O ódio abstracto por uma ideia ou uma religião transforma-se em ódio concreto por um indivíduo ou um grupo; o ódio demente desencadeia-se por um erro de percepção ou de interpretação. O egoísmo, o desprezo, a indiferença, a desatenção agravam por todo o lado e sem tréguas a crueldade do mundo humano. E no subsolo das sociedades civilizadas torturam-se animais para o matadouro ou a experimentação. Por saturação, o excesso de crueldade alimenta a indiferença e a desatenção, e de resto ninguém poderia suportar a vida se não conservasse em si um calo de indiferença.

Edgar Morin, in 'Os Meus Demónios'

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?

Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Alguns CEO são “psicopatas bem-sucedidos”

“De génio e de louco todos temos um pouco”, diz o adágio popular. O problema é quando são os loucos geniais a decidirem o futuro do planeta, as políticas dos países ou a gestão das empresas. O tema não é original e, por isso mesmo, exige preocupação. Depois de uma nova pesquisa, transformada em livro, sugerir que quatro por cento dos CEO possuem traços psicopáticos, o VER foi à procura das desordens mentais que parecem proliferar nos ambientes organizacionais


De acordo com as estatísticas, 1 em cada 100 pessoas tem traços de psicopatia. Mas, a incidência das características que definem os psicopatas sobe para 4% entre os CEO. Esta foi uma das “descobertas” feita pelo jornalista e escritor Jon Ronson enquanto fazia pesquisa para o seu último livro: The Psychopath Test: A Journey Through the Madness Industry.
O jornalista britânico e autor de livros que se transformaram em filmes de sucesso, como é o caso de “O Homem que matava cabras só com o olhar”, com um elenco de luxo que incluí George Clooney, Jeff Bridges e Kevin Spacey, mergulhou no mundo das desordens mentais e dos perfis criminais para tentar perceber o que transforma alguma pessoas em psicopatas – predadores perigosos que não possuem mecanismos de controlo de comportamento nem sentimentos “naturais” que todos nós damos como garantidos. E uma das coisas que aprendeu ao longo da sua pesquisa prende-se com esta percentagem de pessoas que, com traços psicológicos específicos, conseguem chegar aos mais altos cargos da gestão de grandes empreendimentos.
O best-seller que entrou directamente para o top dos livros mais vendidos do The New York Times não é, de longe, o primeiro sobre esta temática, que há várias décadas fascina estudiosos de vários quadrantes. E, de tempos a tempos, surgem livros, estudos e artigos que “comprovam” que alguns CEOs são psicopatas bem-sucedidos, sendo que os criminosos que escondem cadáveres nos seus jardins são os denominados psicopatas mal sucedidos.
De acordo com Robert Hare, o criador do Teste de Psicopatia (uma checklist de 20 itens), largamente utilizado por forças policiais especiais como o FBI e outras unidades de comportamento criminal, “os psicopatas possuem uma ausência profunda de empatia; utilizam as pessoas de forma cruel e sem qualquer tipo de remorso para atingir os seus fins; seduzem as vítimas com um charme hipnótico que mascara a sua verdadeira natureza de mentirosos compulsivos, de mestres na arte de enganar e de manipuladores sem coração. Com tendência para se aborrecerem facilmente, procuram estímulos constantes, pois o que os excita é ganharem “jogos” da vida real, ao mesmo tempo que retiram todo o prazer possível do poder que têm relativamente aos outros”.
Um dos perfis que encaixa perfeitamente na “lista” de Hare [e que serviu de base ao trabalho de Ronson] é Al Dunlap, o antigo CEO da Sunbeam, conhecido, entre outras coisas, por ter sido um impiedoso downsider. Com uma alcunha, no mínimo, digna de um bom filme de terror –Chainsaw Al ou o homem da motosserra – foi inúmeras vezes elogiado e ascendeu a vários cargos de topo, pois entre as suas várias especialidades – era também conhecido por ser o mestre das reestruturações – contava-se a facilidade com que despedia pessoas sem mostrar qualquer tipo de emoção. De qualquer das formas, quanto mais cruelmente as administrações das quais fazia parte se comportavam, maior era o seu valor accionista no mercado. O que leva à inevitável questão: será que estes traços de psicopatia podem ter um lado positivo?
“Nem todos os CEOs da Fortune 500 são psicopatas”
A boa notícia é dada pelo próprio autor da pesquisa mas que, em entrevista recente à revista Forbes, afirma também que o seu livro “oferece evidências de que a forma como o capitalismo está estruturado é, na verdade, uma manifestação física anómala do cérebro conhecida como psicopatia”. Explicando sumariamente qual a gradação do teste de Hare – cujo nível máximo é 40 – Ronson explica que uma pessoa que atinja 20 pontos é já digna de preocupação e que alguém com um score de 30 é já considerado como um psicopata verdadeiramente perigoso (em termos legais, o limite é 29 pontos). Obviamente que dentro de um espectro tão alargado, há que ter em conta os níveis absolutos sendo que o que mais é utilizado é a ausência literal de empatia. Nos psicopatas com as “notas” mais elevadas neste teste, “aquilo que ocupa o espaço deixado livre pela ausência de empatia é o verdadeiro gozo de manipular pessoas, sem qualquer tipo de remorso ou culpa”.
Mas e no que respeita a traços deste tipo de personalidade que parecem conduzir ao sucesso? Para Ronson, obviamente que existem traços que não gostaríamos de ver nos nossos chefes, como a dificuldade em controlar certo tipo de comportamentos. Mas, se for possível considerar outros aspectos como positivos e que constam também na checklist de Hare, os mais visíveis e atribuídos a CEOs de sucesso estão relacionados com a necessidade constante de serem estimulados e de não conseguirem lidar com situações em que nada acontece. “Quando se procura um CEO de sucesso, a ideia é que ele não se sente quieto, mas que esteja constantemente a pensar em novas formas de fazer as coisas”, afirma à Forbes. E alguns psicólogos consideram alguns destes atributos como positivos tal como a frieza sob situações de pressão, própria de líderes de sucesso e também de psicopatas. E, basicamente, os psicopatas com resultados elevados no teste de Hare podem ser líderes brilhantes, mas apenas por prazos curtos. Dando mais uma vez o exemplo de Al Dunlap, “o que eles querem fazer é ‘matar’ e passar para outro desafio”.
Mas é assim tão linear reconhecer tipos de psicopatia? Para melhor identificar os “sub-criminosos” ou os denominados psicopatas empresariais, Hare dividiu 20 características em dois subconjuntos ou “factores”. Os psicopatas empresariais tiveram uma pontuação mais elevada no Factor 1, aquele que inclui a categoria dos “egoístas, insensíveis e utilizadores sem remorsos de outros”. E inclui oito traços por excelência: frieza e charme superficial; sentimento exagerado do próprio valor; mentira patológica; ludibriar e manipular; ausência de remorso ou culpa; o efeito da superficialidade, ou uma frieza mascarada por actos emocionais dramáticos que, na verdade, faz deles excelentes actores; a já mencionada falta de empatia e a incapacidade de aceitar a responsabilização pelos seus próprios actos. Soa-lhe familiar? Em contrapartida, estes denominados psicopatas empresariais tiveram pontuações menos elevadas no Factor 2, cujos principais traços incluem “estilos de vida socialmente desviantes e instabilidade crónica” e que são facilmente atribuídos às pessoas que acabam atrás das grades por crimes bem mais horrendos do que a contabilidade criativa.
Numa linha análoga, duas psicólogas britânicas, Belinda Board e Katarina Frizon, realizaram uma investigação na Universidade de Surrey, para a qual entrevistaram e fizeram testes de personalidade a 39 executivos de topo britânicos, comparando seguidamente os seus perfis a criminosos acusados e a pacientes psiquiátricos. De acordo com os resultados, os executivos conseguiam ser até mais superficialmente charmosos, egocêntricos e desonestos que os criminosos e igualmente megalómanos, abusivos e sem mostras de empatia. E também estas duas investigadoras separam estes psicopatas em duas categorias: os bem-sucedidos executivos de topo e os criminosos, mal sucedidos – que são muito mais impulsivos e fisicamente agressivos.
Claro que para o comum dos mortais será fácil apelidar de monstro qualquer pessoa que tenha mais sucesso que ele próprio. E, se pensarmos num dos escândalos recentes que incluem “abuso de poder”, também não será difícil encontrar traços desumanizados e que constam no teste de Hare. Alegadamente, Dominique Strauss-Khan tem dificuldade em controlar o seu comportamento, é extremamente impulsivo e possui um comportamento sexual promíscuo. Por outro lado, é considerado como um sedutor bem-sucedido, mestre na arte da manipulação e um líder brilhante. O que não é suficiente – e ainda bem – para fazer generalizações. Mas, se escavarmos na literatura e na própria História, não faltam exemplos que ligam o sucesso a desordens mentais. E estes são encontrados nas mais altas esferas de poder da nossa sociedade: na política, nas finanças e nas empresas.
Empresas psicopatas
Robert Hare foi um dos entrevistados no documentário “The Corporation” que deu que falar nos já idos anos de 2005 e sobre o qual o VER já escreveu. Neste, era a própria empresa que, sentada no divã, era analisada e diagnosticada da seguinte forma: “enquanto psicopata, a empresa persegue implacavelmente os seus próprios interesses económicos, independentemente de quão destruidoras possam ser as consequências para os outros. Incapaz de sentir culpa ou consideração pelas pessoas e pelo ambiente, absurdamente egocêntrica, a empresa psicopata e os seus interesses desenfreados vitimam os indivíduos, a sociedade, e até mesmo os accionistas e podem levar as organizações à autodestruição, como têm vindo a revelar os diversos escândalos na Europa e Estados Unidos [na altura em que o documentário começou a ser feito, sofria-se a estupefacção relativamente à Enron e à WorldCom].
Mas e entretanto, a chamada responsabilidade social das empresas começou a constar no mapa de bom comportamento exigível e, no próprio documentário, esta entidade era igualmente descrita como “capaz de imitar qualidades humanas como a empatia, o cuidado com os outros e o altruísmo”.

A utilização de testes psicológicos para identificar desvios de personalidade são cada vez mais utilizados e em domínios muitos distintos. O próprio Hare, que iniciou a sua já longínqua pesquisa em estabelecimentos prisionais nos Estados Unidos – com uma incidência de cerca de 25% de psicopatas face à população prisional – estabeleceu uma parceria com um outro psicólogo, Paul Babiak, especialista em psicologia organizacional, para a elaboração do denominado B-Scan e que é comummente utilizado nas empresas quando, em períodos de recrutamento, surgem candidatos detentores de um MBA, mas com uma preocupante ausência de consciência. Hare foi citado, há vários anos, por toda a imprensa, quando afirmou numa conferência que “se não estivesse a estudar psicopatas na prisão, teria muito material de estudo na Bolsa de Nova Iorque”.
Ditadura e loucura
A tendência para relacionar indivíduos com traços de psicopatia e outros que chegaram ao topo de poder, financeiro ou político, já não é apenas apanágio de um grupo de psiquiatras com aparentemente pouco que fazer. Pelo contrário. Logo que a Primavera Árabe começou a sair para as ruas, multiplicaram-se as análises, recuperaram-se estudos e propuseram-se inúmeras teorias que tentam ligar directamente o poder a uma certa dose de loucura. O registo não é o mesmo, mas tem características similares.
Principalmente quando o clube de ditadores que se recusou a abandonar o poder mesmo sabendo que teria poucas hipótese de resistir, a história voltou a fazer manchete. Por exemplo, a revista Time escrevia, há umas semanas, que os ditadores parecem ter uma propensão psicológica para lutar pelos seus títulos custe o que custar. Nos registos públicos de muitos deles, de Estaline a Mao, passando por Saddam Hussein ou pelo próprio Khadafi – já é possível ver-se padrões que moldam estas personalidades ditatoriais. Pelo menos desde que o Office of Strategic Services encomendou um perfil secreto intitulado “A Psychological Analysis of Adolf Hitler," e que foi divulgado em 1943, os psicólogos têm procurado uma explicação adequada para a mente autoritária. E novas pesquisas parecem estar agora mais perto de explicar como é que os líderes se transformam em déspotas. E se existem várias explicações para o comportamento ditatorial, uma delas é definida por serem exactamente psicopatas e considerada como a mais simples e sedutora explicação psicológica da ditadura. Definida mediante o termo anti-séptico “desordem de personalidade anti-social”, as suas características são, entre outras, “a realização repetida de actos que abrem terreno à detenção”, desonestidade, impulsividade e ausência de remorso.

É difícil pensar num ditador que não tenha demonstrado estes traços. Por exemplo, os ditadores não só mentem aos outros, como mentem a si próprios. “Se alguma vez Estaline chamou traidor a alguém, não eram só as mentes dos outros que ele estava a manipular”, escreve o historiador de Oxford Robert Servive na biografia sobre o ditador. De uma forma similar, Khadafi parece verdadeiramente acreditar não só que a oposição ao seu regime é igual à oposição à própria existência da Líbia mas, como ele mesmo afirmou, logo a seguir aos levantamentos populares se terem iniciado, que “todo o meu povo está comigo. Eles irão morrer para me proteger”. A diferença é que os verdadeiros psicopatas não são apenas assassinos mentiroso e sem remorsos, mas também cruéis e brutais, o que não acontece com a maioria dos ditadores, pelo menos no que respeita a perpetrar este tipo de actos pelas suas próprias mãos.
 Scott Atran é um psicólogo da Universidade do Michigan que há duas décadas se dedica a estudar os “homens fortes” do mundo. E a sua principal conclusão é que é um impulso no sentido da moralidade, e não o sadismo ou a ambição, que move os homens com este tipo de personalidade. Hitler, por exemplo, recusou o equivalente a centenas de milhares de dólares para reclassificar um pequeno grupo de judeus austríacos como não judeus. De forma similar, Atran e a sua equipa têm vindo a publicar relatórios com evidências claras de que o regime iraniano ignora ofertas substanciais de ajuda para acabar com o seu programa nuclear, pois o considera “um valor sagrado” de independência.
Ambiente organizacional convida aos desvios de personalidade?
Voltando às empresas, Hare afirma também que o ambiente organizacional da actualidade se tem vindo a tornar cada vez mais “hospitaleiro” para este tipo de personalidades. Num estudo pioneiro e de longo curso efectuado pelo colega Babiak, este concentrou-se em algumas multinacionais (cujos nomes não foram revelados) e nas mudanças organizacionais dramáticas - desde downsizings severos, a reestruturações, fusões e aquisições – e concluiu que este tipo de tumultos abre terreno para a “eclosão” de personalidades desviantes. Para além de alertar para o facto de as guerras produzirem excelentes oportunidades para que psicopatas criminosos possam brilhar. Citando o exemplo de Slobodan Milosevic, da Sérvia – Babiak concluiu que estas perturbações criam um ambiente de boas-vindas aos “assassinos empresariais”. “O psicopata não tem qualquer dificuldade em lidar com as consequências de uma qualquer mudança dramática. Pelo contrário, é nestas alturas em que mais ‘floresce’”, afirmava Babiak numa entrevista à revista Fast Company em 2007. “O caos organizacional fornece o estímulo necessário para as emoções procuradas pelos psicopatas ao mesmo tempo que oferece a cobertura suficiente para a manipulação e para os comportamentos abusivos”, acrescenta.
 Michael Maccoby, um psicoterapeuta e consultor de grandes multinacionais, afirma que é fácil este tipo de psicopatas atingir o sucesso na sociedade. É que na verdade são poucas as pessoas que conseguem descortinar o quão diferentes eles são da maioria de nós. Quando assumimos que eles se preocupam com os sentimentos dos outros, torna-se muito mais fácil para eles conseguirem “brincar” connosco. E, apesar de não terem empatia, desenvolvem, tal como um bom actor, a capacidade de a fingirem na perfeição. E mesmo não tendo a mínima preocupação no que respeita aos que os rodeiam, possuem um elemento de inteligência emocional que lhes permite observrem, com clareza, as nossas emoções e manipularem-nas.
A boa notícia é que parece ser possível fazer algo relativamente aos psicopatas empresariais. É do consenso científico que apenas 50% da nossa personalidade é influenciada pela genética, o que demonstra que os psicopatas são igualmente moldados pela cultura que os acolhe. Assim e apesar de ser uma boa ideia mantermo-nos atentos, está também nas mãos de todos nós contribuirmos para alterar a cultura organizacional que nos rodeia.
By: Helena Oliveira / Veja

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Elefante e a Cobra

Um elefante vê uma cobra pela primeira vez. Muito intrigado pergunta:

- Como é que fazes para te deslocares? Não tens patas!...
- É muito simples - responde a cobra - rastejo, o que me permite avançar.

- Ah... E como é que fazes para te reproduzires? Não tens tomates!...
- É muito simples - responde a cobra já irritada - ponho ovos.

- Ah... E como é que fazes para comer? Não tens mãos nem tromba para levar a comida à boca!...
- Não preciso! Abro a boca assim, bem aberta, e com a minha enorme garganta engulo a minha presa directamente.

- Ah... Ok! Ok! Então, resumindo.... Rastejas, não tens tomates e só tens garganta... És Deputado de que partido? 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mais do que qualquer outro evento, foi a maré súbita de revisões em baixa de produtos estruturados relacionados com os famosos créditos "subprime", ou seja, empréstimos para comprar casa concedidos a pessoas com poucos recursos que esteve na origem do dilúvio financeiro a que o mundo ocidental tem assistido desde 2008.
A investigação dos senadores norte-americanos conclui que a Moody's e a Standard & Poors continuaram a dar "ratings" de triplo A, isto é, a melhor nota a produtos derivados deste tipo de créditos, durante demasiado tempo, mesmo meses depois da implosão da bolha imobiliária norte-americana.
Posteriormente, quando reagiram, quiseram compensar o atraso com revisões em baixa repentinas e sucessivas, o que levou à paragem do sistema circulatório da alta finança.
O senado revelou documentos das duas agências que mostram como a Moody's e a S&P estavam, já em 2006, avisadas quanto ao problema do mercado hipotecário e não fizeram nada para evitar o problema.
A situação agravou-se, escrevem os relatores, porque não houve incentivo para que as agências não reviram em baixa os "ratings" de produtos que, ao mesmo tempo, lhes davam lucro.
O relatório inclui mensagens de correio electrónico de funcionários de ambas as agências, os "mails" mostram que a pressão sobre elas veio de bancos de investimento, que comercializam pacotes de crédito "subprime" que queriam ver bem cotados.
Numa reacção ao relatório, a S&P diz que a empresa já levou a cabo reformas internas para melhorar a qualidade das avaliações, a Moody's prefere não reagir.
Hugo Neutel - TSF


quinta-feira, 24 de março de 2011

Atlântida

Atlântida, a "cidade perdida", pode ter sido encontrada em Espanha e, segundo um cientista, foi destruída por um tsunami há milhares de anos.

A teoria é de Richard Freund, da Universidade de Hartford, que defende que a mítica cidade de Atlântida ficou submersa depois de ter sido atingida por um tsunami, na zona de Cádiz, no Sul de Espanha, cerca de nove mil anos atrás.
Freund acredita que encontrou a metrópole a 96 quilómetros da costa, nos pântanos do Parque Nacional de Doñana, a norte de Cádiz, em Espanha. Segundo o cientista, o facto de a cidade ter ficado submersa e estar tão longe do mar "revela o poder dos tsunamis", disse à Reuters.
No entanto, esta descoberta não será a Atlântida original, mas uma cidade feita à sua imagem por sobreviventes da cidade original. Segundo Platão, filósofo grego que fez os primeiros relatos que se conhecem sobre Atlântida no ano 360 A.C, no diálogo "Timeu e Crítias", a cidade "desapareceu de um dia para o outro para as profundezas do oceano", e localizava-se em frente aos "Pilares de Hércules", nome pelo qual era conhecido o Estreito de Gibraltar.
A equipa de Richard Freund, composta por geólogos e arqueólogos, identificou o "memorial" de Atlântida entre 2009 e 2010, recorrendo a radares, imagens de satélite e cartografias subaquáticas.
O documentário "Finding Atlantis", no qual a descoberta foi apresentada, foi transmitido no domingo à noite no National Geographic norte-americano.

sexta-feira, 18 de março de 2011

A importância de um cafezinho

Dois leões fugiram do Jardim Zoológico.
Na fuga, cada um tomou um rumo diferente.
Um dos leões foi para as matas e o outro foi para o centro da cidade.
Procuraram os leões por todo o lado, mas ninguém os encontrou.
Depois de um mês, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas.
Voltou magro, faminto, alquebrado.
Assim, o leão foi reconduzido à sua jaula
Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrou do leão que fugira para o centro da cidade, quando um dia, o bicho foi recapturado e voltou ao Jardim Zoológico, gordo, sadio, vendendo saúde.
Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para a floresta perguntou ao colega:
- Como é que conseguiste ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com saúde? Eu, que fugi para a mata, tive que voltar, porque quase não encontrava o que comer...
O outro leão então explicou
- Enchi-me de coragem e fui esconder-me numa repartição pública. Cada dia comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.
- E por que voltaste então para cá? Tinham-se acabado os funcionários?
- Nada disso. Funcionário público é coisa que nunca se acaba. É que eu cometi um erro gravíssimo. Já tinha comido o director geral, dois superintendentes, cinco adjuntos, três coordenadores, dez assessores, doze chefes de secção, quinze chefes de divisão, várias secretárias, dezenas de funcionários e ninguém deu por falta deles! Mas no dia em que comi o desgraçado que servia o cafezinho... Estraguei tudo!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Portugueses estão a trocar parceiros amorosos por outros que morem mais perto por causa do aumento do preço dos combustíveis

As comédias românticas deixaram de ser representativas das relações amorosas porque nunca mostram a evolução do preço do barril de Brent ao longo da narrativa. Depois do fim de milhares de relações amorosas devido à introdução das portagens nas SCUTS, é a vez da escalada de preços dos combustíveis arruinar com o amor. “O meu namorado trocou-me pela vizinha quando o preço do litro da gasolina de 98 octanas passou os 1,67 euros. Vou processar a Autoridade da Concorrência por ter arruinado a minha vida”, afirmou uma rapariga. JH

Fonte: O inimigo público

terça-feira, 8 de março de 2011

Cem anos de um dia dedicado a todas as mulheres


Reconheço e lamento que, hoje, em pleno século XXI, ainda seja necessário comemorar o Dia Internacional da Mulher como um momento simbólico da luta universal pelo direito à igualdade.
Porque apesar das importantes conquistas alcançadas, a verdade é que, em todo o Mundo, as mulheres ainda sofrem os mais diversos e violentos atos de crueldade, sendo por isso necessário unir forças para fazer valer os seus direitos e a sua segurança.
O Dia Internacional da Mulher deve por isso ser encarado, não apenas como um dia festivo em que se celebra a conquista de direitos justamente adquiridos, mas sobretudo como um grito de revolta contra a discriminação que ainda prolifera no nosso Mundo contra muitos milhões de mulheres.
Uma discriminação que infelizmente não se resume apenas a questões laborais, como as que estiveram na origem desta já longa jornada e que lamentavelmente ainda persistem na atualidade.
Hoje, vivemos num Mundo onde todos os anos morrem milhares de mulheres sujeitas às mais diversas formas de agressão física e psicológica, sem que muitos desses inclassificáveis atos conheçam a devida punição.
Neste dia, não nos esqueçamos por isso de homenagear esses muitos milhões de mulheres, cuja voz permanece silenciada por mentes e mentalidades impiedosas, que teimam em resistir, mesmo nas chamadas sociedades modernas.
No Dia Internacional da Mulher, adotado pelas Nações Unidas precisamente para reforçar a luta pela igualdade de direitos, há sem dúvida muito para celebrar.
Mas há sobretudo que fazer justiça. Denunciando em voz alta todos os crimes praticados contra as mulheres, apontando sem temor os nomes dos seus opressores e afirmando, sem receio ou pudor, o nosso orgulho em ser mulher.
Porque ser mulher é garantir a vida e a vida só faz sentido quando existe amor. E não há amor sem igualdade!

Isilda Gomes
Governadora Civil de Faro