O Barreiro é o local a que por norma chamamos “a nossa terra”. Para os muitos barreirenses, e não só, que nos visitam, deixamos um olhar, já esquecido nuns casos e totalmente desconhecido noutros, sobre esta cidade.
Tendo tido a sua origem numa «pobra» ou aldeia ribeirinha, no esteiro do rio Tejo, o Barreiro foi terra de pescadores, extractores de sal e de gentes do campo. Nas suas margens funcionaram, também, moinhos de maré, os quais subsistiram até ao século XIX.
No entanto nos finais do século, com a primeira fábrica de cortiça no Barreiro, surgem os operários corticeiros e com eles, por um lado, os primeiros sinais de rotura com o rural, por outro lado, o inicio da história industrial do Barreiro.
Inicia-se, também, o conceito de “grupo doméstico”, isto é, casas operárias simples onde residiam grupos familiares operários, dando origem a famílias conjuntas de três e mais gerações que se apoiavam mutuamente numa sobrevivência comum, as quais atingem o seu apogeu nos anos vinte do séc. XX.
Entretanto, surge no Barreiro um outro tipo de operariado e, com ele, um outro tipo de “grupo doméstico”, o das famílias de operários da CUF, na maioria trabalhadores, mais especializados, mais bem remunerados e com regalias sociais. Comparada com a dos corticeiros, é uma classe operária privilegiada.
Ou seja, as realidades familiares, corticeira e cufista, são opostas. A primeira devido ao seu carácter de sobrevivência, coloca-se de modo precoce e indiscriminado, dos adultos às crianças, no mercado de trabalho, enquanto que a cufista, tenta gerir a médio e longo prazo, as condições adquiridas no modelo paternalista de Alfredo da Silva.
Modelo idealizado para fixar a mão de obra qualificado, até então inédito, quer no Barreiro, quer no país, e que proporciona alojamento, educação, consumo, socorro, assistência na doença ou invalidez, chegando mesmo ao lazer, de modo a que nada falte para a rotina da vida familiar, e que produz uma relação de cumplicidade entre classes sociais teoricamente antagonistas.
As famílias operárias do Barreiro que trabalhavam na CUF, através do seu grupo doméstico, eram um lugar de produção, de transmissão, de conversão e reconversão de estratégias familiares colectivas, onde predominava a cumplicidade entre modelos familiares e características de uma estrutura social.
Após contingências politicas e sociais, quer nacionais, quer internacionais, o declínio e reconversão foram as novas palavras de ordem no Barreiro. Como empresa publica, a CUF passou a Quimigal tentando uma sobrevivência económica em rotura com lógicas do passado.
Apesar da passagem dos anos a preferência pela condição operária tendeu a manter-se.
Tendo tido a sua origem numa «pobra» ou aldeia ribeirinha, no esteiro do rio Tejo, o Barreiro foi terra de pescadores, extractores de sal e de gentes do campo. Nas suas margens funcionaram, também, moinhos de maré, os quais subsistiram até ao século XIX.
No entanto nos finais do século, com a primeira fábrica de cortiça no Barreiro, surgem os operários corticeiros e com eles, por um lado, os primeiros sinais de rotura com o rural, por outro lado, o inicio da história industrial do Barreiro.
Inicia-se, também, o conceito de “grupo doméstico”, isto é, casas operárias simples onde residiam grupos familiares operários, dando origem a famílias conjuntas de três e mais gerações que se apoiavam mutuamente numa sobrevivência comum, as quais atingem o seu apogeu nos anos vinte do séc. XX.
Entretanto, surge no Barreiro um outro tipo de operariado e, com ele, um outro tipo de “grupo doméstico”, o das famílias de operários da CUF, na maioria trabalhadores, mais especializados, mais bem remunerados e com regalias sociais. Comparada com a dos corticeiros, é uma classe operária privilegiada.
Ou seja, as realidades familiares, corticeira e cufista, são opostas. A primeira devido ao seu carácter de sobrevivência, coloca-se de modo precoce e indiscriminado, dos adultos às crianças, no mercado de trabalho, enquanto que a cufista, tenta gerir a médio e longo prazo, as condições adquiridas no modelo paternalista de Alfredo da Silva.
Modelo idealizado para fixar a mão de obra qualificado, até então inédito, quer no Barreiro, quer no país, e que proporciona alojamento, educação, consumo, socorro, assistência na doença ou invalidez, chegando mesmo ao lazer, de modo a que nada falte para a rotina da vida familiar, e que produz uma relação de cumplicidade entre classes sociais teoricamente antagonistas.
As famílias operárias do Barreiro que trabalhavam na CUF, através do seu grupo doméstico, eram um lugar de produção, de transmissão, de conversão e reconversão de estratégias familiares colectivas, onde predominava a cumplicidade entre modelos familiares e características de uma estrutura social.
Após contingências politicas e sociais, quer nacionais, quer internacionais, o declínio e reconversão foram as novas palavras de ordem no Barreiro. Como empresa publica, a CUF passou a Quimigal tentando uma sobrevivência económica em rotura com lógicas do passado.
Apesar da passagem dos anos a preferência pela condição operária tendeu a manter-se.
A implementação, na região, de multinacionais como a Volkswagen-Autoeuropa - onde, até 2010, vão ser investidos 541 milhões de euros e contratados mais dois mil trabalhadores, ou a da Steyer Daimler Puch-Fabrequipa - onde engenheiros portugueses e austríacos estão a trabalhar actualmente num Upgrade aos blindados de transporte de tropas (APC) Pandur adquiridos pelo Estado Português ao consórcio Steyr Daimler Puch e dos quais 219 serão construídos na fábrica portuguesa – são exemplos, mas as ligações a outros universos profissionais tornaram-se, para a maioria, um facto.
2 comentários:
Andava à procura de uma fonte para um trabalho e dou de caras com este blog que digo, pelo que já li, está excelente! No caso especifico deste post, sou do Barreiro e vejo-me obrigado a reconhecer a minha ignorância sobre o passado das "minhas" gentes.
Obrigado.
João Azevedo
Adorei a matéria...
Falam com clareza...
AMEI!!!! PARABÉNS!
Vanessa Leão
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