Alguns dos nossos leitores têm-nos questionado, se os snapshots são ocorrências descontextualizadas do quotidiano, conforme parece transparecer de alguns dos posts. De um modo simplificado e em breves palavras, vamos tentar explicar qual o significado de snapshots.
Um dos desígnios da sociologia da vida quotidiana é a de converter o quotidiano em permanente surpresa, ou seja, insinuando-o através de um certo naturalismo, digamos até, rebelde. Com as suas origens em Simmel, que ainda, nos dias de hoje, continua a ser não só, considerado como, igualmente, apelidado de um “fotógrafo amador” da realidade social, o snapshots procura nas suas observações da realidade aquilo que é único e transitório, ao mesmo tempo que, da realidade, extrai o essencial da forma, da tipicidade.
Os snapshots de Simmel são, digamos, os ilustrativos de uma sociologia de interacções momentâneas ou duráveis, conscientes ou inconscientes, ou segundo Machado Pais, “uma sociologia feita de episódios, de fragmentos, de instantâneos”.
Em suma, Simmel apresenta-nos a sua sociologia como uma sociologia do “talvez”, do “por um lado pode ser” ou “mas também pode ser”. Isto é, uma sociologia que encerra o prazer subjectivo da sedução, numa lógica de descoberta, de revelação.
Embora os posts classificados como tal, não se possam considerar, em toda a acepção do "conceito" snapshots, optámos por classificá-los como tal, porque não deixam de ser "retratos únicos e por vezes transitórios" de uma qualquer interacção, seja ela entre indivíduos ou entre estes e a sociedade onde se inserem.
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