Esqueçam por favor a “Guerra ao Terrorismo”. Com Obama, a América passa a ter apenas “Operações de Contigência no Estrangeiro”.
Segundo revela o “Washington Post”, a administração Obama ordenou que a expressão legada por Bush, Guerra ao Terrorismo, seja abandonada. Um memo enviado pelo Departamento de Defesa para o Pentágono refere que “esta administração prefere que se evite o termo “Global War on Terror. Por favor passem a usar “Overseas Contigency Operation”. A administração Obama já tinha preparado o terreno para esta mudança de terminologia. Mais de um mês antes deste e-mail ser enviado, as fontes e os porta-vozes já tinham começado a utilizar a nova expressão. A “Guerra ao Terrorismo” apareceu pela primeira vez na retórica oficial americana logo a seguir ao 11 de Setembro, e foi durante quase 8 anos a frase-chave da actuação diplomática norte-americana. A ideia do mundo consubstanciada nesta expressão operou até uma alteração radical na forma como o americano médio aceitou a redução progressiva dos direitos de cidadania, e até mesmo, nalguns casos, da liberdade, em nome de um valor maior, chamado segurança, objectivo final da Guerra ao Terrorismo. Guantánamo, o uso da tortura, as detenções sem culpa formada nem acusação - são vários os fenómenos que nasceram durante a administração Bush, filhos do grande conceito “Guerra ao Terrorismo”. Quando confrontados com a notícia do Washington Post, os responsáveis do Pentágono disseram que não há nenhuma instrução ideológica, “há apenas a opinião de um funcionário público”. (http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/03/24/AR2009032402818.html?wprss=rss_politics/administration) Mas a verdade é que esta mudança agora revelada é muito mais que uma mera alteração de semântica. Obama acha que a expressão “Guerra ao Terrorismo” adultera a natureza dos inimigos que a América enfrenta. Depois do fecho de Guantánamo, a caminho do cumprimento das promessas eleitorais no Iraque e com o desafio afegão a crescer, Obama mostra agora que, para o novo poder de Washington, o mundo é uma realidade muito mais complexa e difícil de compreender do que a designação simples (e simplista) de “terroristas” dá a entender. Para todos os efeitos, esta é uma boa notícia para o mundo.
Artigo de Opinião de Carlos Rodrigues - Subdirector de Informação
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