Uma guerra bélica tem as suas
consequências mas, posteriormente, os países acabam por se reconstruir e até
mesmo em se tornarem potências económicas, veja-se o caso da própria Alemanha
ou do Japão, que praticamente no espaço temporal de uma geração atingiram
níveis económicos elevados, já uma guerra económica trás consequências
imprevisíveis e que poderão perdurar no tempo e atingir várias gerações com
consequências catastróficas para os países que dela são vítimas.
No atual contexto europeu e no
caso português, em particular, como país intervencionado, é certo que temos que
nos reger por algumas regras, pois como se diz na gíria economicista “não há
almoços gratuitos”, no entanto tal como aconteceu nas guerras do século passado,
nos países intervencionados, existem sempre os colaboracionistas que na ansia
de não afrontar e/ou agradar ao “invasor” vão mais além do que lhe é exigido e
por isso Portugal, por via do atual governo, passou de um “aparente” aluno
exemplar a um aluno que é difícil descrever, tal é o exagero da sua aplicação,
conforme tem sido descrito, e bem, por muita imprensa financeira internacional.
Ou seja, como o próprio FMI já
alertou (da troika, parece-me ser a instituição mais realista) o combate a um
défice não é “um sprint mas uma maratona”. O mesmo FMI demarcou-se, no
imediato, das alterações à TSU que o atual governo nos quis impingir como uma
dávida para a resolução de todos os problemas do nosso país e que levaram ao 15
de Setembro e ao maior manifesto social alguma vez visto em Portugal e transversal
a toda a sociedade civil.
Mas uma questão se coloca. Será
que os partidos políticos e os seus responsáveis tiraram ilações desse
manifesto? Parece-me que não.
A coligação governamental recuou
na TSU mas aplicou-nos em dobro em impostos. A oposição anda completamente à
nora, isto é, uns vivem agarrados a utopias fundamentalistas que nada trazem de
positivo para a situação do país e o principal partido da oposição não se
define com propostas alternativas e vai-se ficando pelo sempre incógnito e
cómodo “nim”.
O PS sendo um dos partidos que
assinou o memorando da troika, não assinou, porque tal não lhe foi exigido, as
consecutivas medidas de austeridade que um governo, desgovernado e agarrado a
cartilhas de economia completamente desatualizadas, que nos são impingidas pela
Sra. Merkel, e que nada têm servido para a resolução dos problemas do nosso
país, antes pelo contrário, têm servido para criar mais desemprego, mais
pobreza, menos receitas e mais despesa.
Há soluções mais credíveis? Há! Mas
para isso é preciso trazer para a política, pessoas credíveis, competentes e
que estejam dispostas a servir e não a servir-se. É difícil? Com certeza que é,
mas não será impossível, pois a sociedade civil dispõe de recursos humanos em
número mais que suficiente para tal efeito, assim estejam eles dispostos a tal.
Há casos de sucesso em países
intervencionados? Há! Veja-se o caso do Brasil, que intervencionado unicamente
pelo FMI nos finais dos anos 90 do século passado e sem ter que se reger pelas
cartilhas economicistas da Alemanha, conseguiu desenvolver a sua economia de
mercado e criar mais intervenção social de apoio aos mais desfavorecidos, sem
necessitar de mandar apertar o cinto a ninguém e é, desde há alguns anos, uma
economia emergente e sólida, conforme afirmou há dias Fernando Henrique
Cardoso, ex-presidente do Brasil.
O PS como principal partido da
oposição tem que se demarcar de uma vez por todas do atual contexto governativo
e das suas medidas de austeridade, apresentando aos portugueses alternativas credíveis,
reconhecendo os seus erros em governações passadas, responsabilizando
infratores e gestões danosas, acabando com os chamados “tachos”,
independentemente das filiações partidárias e gritando bem alto para que todos
possam escutar, pois só assim se pode posicionar como alternativa credível à
atual coligação governativa. Em suma, o PS não pode manter a ideia intrínseca
na opinião pública de que como alternativa “só muda a mosca”.
Finalmente, o PS não pode ter
medo de abrir uma crise política e ser governo, pois isso não passa de mais uma
chantagem para com o povo português, porque se bem estamos recordados, a ajuda
financeira, com a troika, foi negociada por um governo demissionário e em
vésperas de eleições e não foi por esses motivos que a troika não deixou de
intervencionar Portugal.
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