domingo, 3 de maio de 2009

Os primeiros cem dias de Obama

Ainda não é possível saber se o rumo tomado por Barack Obama é certo, mas os primeiros cem dias de governo do novo presidente dos EUA prometem.
Barack Obama teve uma situação fácil nos primeiros cem dias de mandato. Afinal, ele tinha de fazer principalmente uma coisa: diferenciar-se de seu antecessor e de sua respectiva política. Não era um desafio especialmente difícil. Ao final do mandato de George W. Bush, seu índice de aprovação chegou a uma baixa recorde para presidentes americanos.
E também no exterior desejava-se que o novo presidente dos Estados Unidos fosse principalmente uma coisa: um anti-Bush. Para isso, Barack Obama tirou as cartas certas da manga logo após chegar ao poder: ordenou o fechamento do campo de prisioneiros de Guantánamo e a retirada das tropas americanas do Iraque, proibiu a tortura, estendeu a mão para a Rússia em busca de diálogo e apresentou um pacote conjuntural que prevê investimentos em educação e no sistema de saúde e anuncia uma nova política energética. E a lista não para por aí.
A abrangência de sua agenda é de tirar o fôlego. Fazer várias coisas ao mesmo tempo – isso está claro após cem dias de governo – faz parte dos talentos especiais de Obama. É verdade que, aqui e ali, ele apresenta pontos fracos. Ele se mostra hesitante quando questionado sobre a necessidade de uma comissão se ocupar ou não das atas sobre tortura no governo Bush. Também o grande anúncio de uma colaboração suprapartidária com os republicanos não se cumpriu até agora.
Mas, de um modo geral, ele continua cool, calmo e fiel às suas causas. Neste início de mandato, Barack Obama também mostrou que, apesar de de ser relativamente jovem e inexperiente em cargos políticos, tem competência para o cargo.
Três piratas mortos e um capitão-de-fragata a salvo testemunham que Obama não é um "banana de esquerda", como queriam pintá-lo os republicanos durante a campanha eleitoral. Os ataques com mísseis em território paquistanês também prosseguem na presidência de Obama – para descontentamento de muitos de seus adeptos.
Ou seja: Obama pode estender a mão ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e propor diálogo ao Irão; mas quando se trata da segurança nacional, ele não vacila um segundo em usar o poder militar dos Estados Unidos.
E os cidadãos americanos continuam lhe dando apoio. Uma pesquisa do Washington Post apontou que quase 60% dos consultados estão satisfeitos com a maneira de o presidente exercer seu mandato. Também no trato com a crise financeira internacional os americanos confiam nele. E 55% vêm com optimismo o futuro económico do país. Em Fevereiro eram apenas 48%.
Nos primeiros cem dias, o presidente Obama cumpriu a promessa de fazer uma política diferente da de seu antecessor. Que ele só tenha podido anunciar as mudanças, na maior parte dos casos, deve-se à natureza dos fatos. Guantanamo não pode ser fechado de um dia para o outro, e o mesmo vale para a retirada das tropas do Iraque, a paz no Oriente Médio, a reforma do sistema de saúde e a recuperação da economia.
Cem dias de governo podem ser um número mágico – mas não bastam para medir o sucesso ou fracasso desta presidência. Só daqui a alguns meses ou até anos será possível saber se Barack Obama tomou o rumo certo. Mas hoje já se pode dizer: o começo é promissor.

By: Christina Bergmann – DW-World.DE

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